Passado


O Ketchup é um molho de origem asiática. Ele veio para o ocidente via Malásia, mas sua origem é chinesa, e o principal ingrediente era.. cogumelo.

Passou por mudanças até chegar na sua mesa hoje em dia. Um longo caminho até se tornar o condimento preferido do continente americano.

Quase não percebemos, mas quando pensamos em um lanche, cachorro quente, pizza, hamburguer, batata estamos pensando também no Ketchup.

E é comum gostarmos ou não dependendo do ketchup utilizado ou disponibilizado no estabelecimento. Nem sabemos mas acabamos voltando ao lugar que nos oferece o melhor condimento.

Assim como tudo na vida! As sensações e gostares estão diretamente relacionados aos entornos, aos detalhes, aos “condimentos sociais”. Procuramos pessoas, lugares, situações, sensações em busca de outras coisas que vem junto com os ingredientes especiais.

Lembre um lugar que ia nas férias na infância. Talvez você não lembre de tudo que te fazia feliz. Talvez não lembre do mais importante. Talvez esqueça do Ketchup.

Hoje fui acometido por uma incontrolável vontade de comer quindim. Infelizmente a dor na coluna não me permitia ir buscar o doce.

Lembrei que tinha ovos e açúcar, não podia ir muito mais que isso na receita.

Peguei o livro de receitas da Dona Benta, onde tem quase tudo. Dei uma olhada em algumas receitas, mas acabei me distraindo antes de encontrar a que queria e fui fazer outras coisas

O livro ficou em cima do sofá.

Descansei mais um pouco, mais alguns alongamentos e analgésicos fazendo efeito. Voltei a sala e  vi um post-it no livro. Fiquei curioso, que receita estaria marcada?

Não era minha letra, a receita era “Picadinho de Carne com Batatas”. Tão simples, tão fácil, tão significativo neste momento, neste apartamento vazio.

Tivemos 1723 dias, 1723 noites. Juntos. Não lembro de um dia sem conversarmos, usando o meio que fosse. Acho que uma receita simples, uma coisa pequena que mudamos, que aprendemos.

E assim, num rodapé, vem tanta coisa encadeada, tantas memórias e imagens e cores.

Cores que tá tão difícil ver nestes primeiros 121 dias depois do fim.

Sou um apaixonado pelo futebol.

Nunca fui um  craque ou nada do gênero, mas sempre gostei de jogar. Na adolescência, o futebol na rua consumia mais tempo que a escola, dava mais alegria que doces ou presentes novos, a menos que o presente fosse a tão desejada bola de futebol.

Sem muita força me lembro de muitas das partidas e tardes que passei jogando. Sem querer ganhar ou perder, apenas querendo jogar. Correr, driblar, dar um bom passe mas sempre tive uma adoração maior pelo gol.

Seja numa goleira de cinco palmos na praia, seja um futebol de salão ou de sete, sempre gostei da sensação de voltar pro campo de defesa depois de marcar.

E fui bom nisto.

Pelo período da faculdade, depois de várias tentativas de marcarmos um bom horário, conseguimos encontrar. Sábado pela manhã.

Tendo ou não festa na sexta, sábado oito e meia estava numa quadra do lado oposto da cidade para jogar bola. Era, invariavelmente, atacante. Corria muito, me desmarcava e raras vezes perdia gols feitos ou fáceis. Tentava firulas que não dominava muito, um chapeuzinho, um toque de letra, gol de calcanhar. Me divertia demais, cansava, ficava exausto e mandava um Gatorade de laranja depois do jogo.

O campo era sintético, coberto, e no maior calor, jogávamos no verão, nos dias mais frios do inverno, jogávamos. Era meu momento da semana, em que a mente esvaziava e pensava tão somente no futebol. Ah, a sensação de marcar e voltar pro campo de defesa sendo cumprimentado, o cabelo balançando, o suor escorrendo, o corpo cansado e o que prevalece é a alegria, a satisfação.

Não me esquecerei disso. Esse blá, blá, blá é porque hoje, sentado esperando e conversando com meu pai ele comentou se a hérnia de disco que apareceu em mim não poderia ser fruto de um tombo, a queda que tive no futebol, a primeira e mais séria, que minhas costas doeram pra valer pela primeira vez.  E levantou a hipótese que poderia estar tratando da forma errada minha hérnia.

Não contive o pensamento de que uma solução mais rápida e mágica é possível. E depois comecei a lembrar do futebol. E depois lembrei da dor. E depois pensei que não há cura mágica. E que provavelmente não voltarei a jogar como antes, se conseguir voltar. E me veio a idéia de que a dor é a companheira dos sábados pela manhã, e o que tinha, não será mais o mesmo. E aqui estou escrevendo.

Publicado sem releitura ou correções (como todos outros textos…)

Colocar no limbo. Única saída ou a maior das fugas?

Bom, não sei. Mas não é seguro isolar e manter laços que permitam lembranças.

Esses laços se mantém enquanto sentimos.

Só sentimos por não superar ou aceitar.Aceitar é entender e ver como o melhor caminho.

Melhor caminho? Impossível!

Impossível? Só se for por medo.

Medo. Impede a busca.

Sem busca, sem encontros.

Mas, sem desencontros.

Pois os laços se mantém, e as lembranças voltam.

Pare de ler se não gosta de histórias inacabadas (ou inacabáveis…).

Bom, e porque esse blá blá blá?
Simplesmente porque um mínimo detalhe me faz pensar, lembrar e sentir uma avalanche de sentimentos que não tem explicação, que não são definíveis. Uma saudade misturada com um temor, um medo, uma falta.

Essa coisa de lembrança é esquisita. Ao menos as minhas são. Não lembro dos momentos que teoricamente foram os mais felizes, lembro do que antecedeu isso, lembro da angústia que sentia, de pequenos detalhes das coisas que aconteciam.

Lembro das pequenas mudanças no penteado, dos olhos inquietos que por vezes encontravam os meus e do sorriso que seguia esses encontros, o teu questionador, o meu de embraço. Lembro dos abraços, das conversas, das dúvidas que tinha e da transformação do que sentia sofreu.

Por um lado me salvou, da confusão de humores que eram cotidianos a mim. Das confusões do que sentia e de por quem sentia. Foi nessa medida um ordenamento. um “colocar os pontos nos is“. Foi o estabelecimento do utópico para me livrar do mundo comum. Foi a fuga encontrada por mim, fuga da realidade e da possibilidade de ser feliz.

Mas, não funcionou como deveria. Tu deixaste eu me aproximar, fez com que eu sentisse confiança em mim. Alimentou coisas que eu sentia, moldando-as. Fez com que as coisas não mais fizessem sentido, que a desesperança que construi virasse uma crença, e até um querer ser feliz. Acariciaste, mostrou sentir mais do que um dia sonhei, mas não consegui lidar com isso.

Foi uma tempestade, uma reviravolta, um devir inimaginável… E o que aconteceu? O meu gostar virou medo de perder, virou insegurança completa em tudo e uma agonia sem precedententes, uma ansiedade por estar perto e uma total paralizasão quando perto. Estava ali, mas nada podia fazer do que sonhava porque a simples possibilidade de errar me fazia parar. Não falar nada, não demonstrar nada.

Que gostava era evidente, impossível não perceber. (Pausa para um cigarro…)

Parada estratégica, afinal, sem música é difícil escrever sobre o que sentimos, e, por incrível que pareça, passei batido pelas músicas do Radiohead…

A escolhida foi http://louise-attaque.letras.terra.com.br/letras/49892/

Desbafos são importantes, mas complicados. Desde antes odiava as interrogações, as dúvidas, as incompreensões. E para solucionar isso coloquei a chave dos meus problemas numa saída mágica. Como se alguém podesse resolver meus dilemas, como se uma pessoa fosse capaz de eliminar o que nem eu entendo.

Claro, sem poder me ouvir, sem poder

Ler e-mails do passado não é uma experiência agradável quando se sabe o desfecho deles. É como ver um filme pela segunda vez, se sente tocado, mas não da mesma forma. Por isso que nunca queremos saber o final dos filmes, perde-se o sabor da descoberta, do jogo de conquista que é um filme.

Quando pouco resta trato de trazer a tona o que não sei mas está lá. Uma palavra, uma música, qualquer coisa s torna um subterfúgio capaz de fazer com que se (re)viva os momentos “passados”.

Ô mania triste essa de auto-sabotagem. Para não dar certo querendo acertar, errei.

Bom, são 3 e meia do dia que prometi pra mim mesmo dormir cedo, ecá me encontro, escrevendo e tomando café.

De que valem promessas vãs cujo cumpridor não se preocupa com quem prometeu e esses são o mesmo?

Nada.

Só o meu mundo perfeito

Tem derrotas perfeitas

Humilhações completas

 

O tempo passa e cada minuto

Torna mais forte a certeza de que

                        Sou desnecessário

 

Minha vida se mostra um quebra-cabeça

Porém há peças sobrando

E uma delas sou eu

11/06/2004

Achei que os ciclos deixariam de acontecer e as coisas novas me fizeram ver que não havia reflexo disso num passado próximo, mas as coisas voltam sempre.
Agora, graças a tecnologia que nos expõe, podes ver que voltei a ouvir Los Hermanos (ainda sem pranto) in. http://www.last.fm/user/jonas325/, Pode saber quando te visito graças ao orkut-ratreator., eheheh.
Resta agora voltar a caverna, mas sem essa maquina estranha que invadiu meu quarto (ou seria meu canto?).
Bueno, se as coisas voltam basta esperar por ti?
Não, a regra está errada, só o que é ruim volta, e fica por muito tempo, o bom no máximo acena de vez em quando. As vezes até sorri.

Em busca do erro original, eis a caminhada a seguir, quando encontrar o início, a causa, o motivo, ali estará a solução para o problema atual. Será? 

Bueno, na verdade isso não importa muito no momento, porque as coisas acontecem e o rio segue seu rumo. É preciso dar tempo as preocupações imediatas e analisar, levando em conta erros do passado, e foi nesse processo de pensar o que acontece que me peguei fazendo as mesmas coisas que sob a ótica de hoje considero errado, e voltei a uma das origens, o platônico mal resolvido por falta de insistência. 

Se o desejo é alcançar algo, insistir é o caminho, aceitar a derrota é causá-la, e fiz de novo, mas aí vem o momento racional. Será que o inconsciente não está se defendendo de algo indesejável, ou o inconsciente que ocasionou o ato, porque pensado não foi. deve ter sido motivação pós-Maritê, a síndrome de super-homem que tem a chave pra todas as portas. 

Enfim, não sei o que foi, se errei em tentar ou se a falha foi no não insistir, mas os atos que aconteceram acarretaram um processo de reflexão que proporcionou esse texto e alguma retomada de idéias, a principal é que minha insistência, aparentemente sem motivação lógica, naquilo que causa mais dor talvez seja o caminho que encontrei pra ser feliz e o criado, não idealizado e sim pós-idealizado que substituiu a pré-idealização, desconstruída no primeiro momento, os meus problemas não são o medo de amanhã não ter ou de ser abandonado, pelo menos não é isso que me move, acho que o inconsciente está tentando ser feliz e os dramas cotidianos são os fortalecedores desse momento, ou de mim, sofro por antecipação não por erro e medo e sim como preparação para o momento posterior, mas é evidente que se me fortaleço não cairei nos obstáculos que hoje me atrapalham. 

Os tortos caminhos que me levam ao que quero sem querer nem saber de onde vem a ser querida por mim, sei que pode parecer confuso, mas a quero, bem, esses caminhos não são ilógicos, são parte de uma cadeia que fortalece a relação mesmo com a distância porque estou a afastar fantasmas e a destruir moinhos de vento, e quanto a outra, bem, não foi porque não podia ser, a não insistência é a vã manifestação do inconsciente em pró de alguém, de algum caminho, da felicidade tal e qual ela se mostra firme e sorridente, mesmo que a distância machuque, é preciso ver o fortalecimento do eu sem o qual não existiria a relação, quem sabe esse exílio seja apenas o momento que está para propiciar o nós, afinal sem eu, não há nós, já que a relação pressupõe duas pessoas, e se não for “à moda igualitário”, não quero brincar de casal. Vou ser um e te espero, mas depois disso tem que ser junto, próximo, mesmo que aos poucos, acho que talvez comece a ter até paciência, é os ventos mudaram, e mudei.