Caro Sr. Oluea
És o único responsável pelas situações que corroem vossa alma. No afã de ser aquilo que não é, de ter uma vida que não mereces, de possuir tudo que não lhe convém acaba por conquistar, não sem grande esforço de autoengano, a miséria de sofrer. São patéticas as práticas, lamentáveis as resoluções e desprovido de noção o teu cotidiano. Não tens o direito de reclamar daquilo que era certo que aconteceria. Teu jeito de fazer só gera isso. Não mereces nem ser considerado digno de pena, porque está conservo aqueles que não insistem nos erros, que não lamentam pelo que causam. Bastaria o mínimo esforço para te preservares e não machucar assim também minh’alma.
Se tivesses pudor, se fosse precavido, se não buscasse sempre fracassar, não serias assim. Esse poço de angústias. Esse profundo vazio de significado. Se arrepender daquilo que buscou com afinco e cumpriu todos passos da caminhada é até injusto com aqueles que erram tentando acertar.
És uma pessoa de sucesso. Planeja o fracasso, e cumpre. Teme viver e não vive. Foge de amar e não é amado. Não chore por um dia de sol perdido quando preferiu a solidão do teu leito. Não reclame de cansaço quando escolheu a lua, embriagado entre estranhos, em braços que não merecem teu calor. Não seja tão mesquinho. A vida cobra o preço daquilo que decidimos. Do que buscamos.
Sem mais,
Do seu eu ontem e amanhã.